segunda-feira, janeiro 01, 2007

Procuradora arquivou inquérito a juiz sem qualquer diligência prévia

Visado foi secretário de Estado da Segurança Social e estava indiciado pelo desaparecimento de um relatório que propunha a extinção da Fundação D. Pedro IV

O Ministério Público junto do Tribunal da Relação de Lisboa mandou arquivar um inquérito ao juiz e ex-inspector-geral da Segurança Social José Manuel Simões de Almeida, em 2004, sem que tivesse sido feita qualquer diligência para avaliar a consistência dos indícios criminais que motivaram a abertura do processo.
O despacho de arquivamento, que não chega a ocupar duas dúzias de linhas, foi proferido 13 dias depois de os documentos que fundamentavam o pedido de inquérito terem dado entrada na Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa.
A iniciativa do inquérito coube à juíza Isabel Lilaia, do 5º Juízo de Instrução Criminal de Lisboa, que entendeu haver "indícios de infracções criminais" na actuação de Simões de Almeida enquanto inspector-geral da Segurança Social.
Tratava-se, essencialmente, de averiguar as suas eventuais responsabilidades no envio para arquivo, em 2000, sem qualquer despacho e em circunstâncias nunca explicadas, de um relatório da Inspecção-Geral da Segurança Social em que era proposta a extinção da Fundação D. Pedro IV - uma instituição privada à qual o Estado ofereceu, em 2005, mais de 1400 fogos de habitação social em Chelas, Lisboa.
Entre a documentação remetida pelo 5º Juízo Criminal à Procuradoria-Geral da República (PGR), que, por sua vez, a encaminhou para a Procuradoria-Geral de Lisboa, encontrava-se esse relatório, que esteve desaparecido durante três anos, e um outro, feito logo a seguir à conclusão do primeiro e elaborado pela mesma inspecção-geral, mas que não fazia qualquer alusão ao anterior e foi homologado por Simões de Almeida, já na qualidade de secretário de Estado do ministro Paulo Pedroso, considerando as suas conclusões que quase tudo estava bem na instituição.
Além destes relatórios, constavam do expediente enviado vários ofícios trocados ao longo dos anos entre a juíza Isabel Lilaia e Simões de Almeida. Nesses documentos, a magistrada solicitava repetidamente informações sobre o andamento do inquérito à gestão da Fundação D. Pedro IV, iniciado em 1996, e Simões de Almeida prometia, sem nunca ter cumprido, o envio ao tribunal dos relatórios parcelares e finais sobre aquela averiguação.

Procuradora desvaloriza afirmações de Seixas Antão

Num outro ofício, o sucessor de Simões de Almeida na inspecção-geral, Mário Lisboa, comunicava à juíza, já em 2003, que o relatório final tinha sido encontrado no arquivo, sem ter sido submetido à apreciação ministerial, "desconhecendo-se as circunstâncias e em que momento tenha sido lá colocado". Finalmente, o expediente que serviu de base à abertura do inquérito na Procuradoria-Geral de Lisboa continha uma participação apresentada no 5º Juízo Criminal por Mário Seixas Antão, um antigo administrador da Fundação D. Pedro IV que se demitira da instituição e com ela mantinha vários litígios.
Nessa queixa, era detalhamente descrito o percurso do inquérito à fundação, concluindo o ex-administrador que Simões de Almeida foi "o responsável pelo destino indevido" dado ao relatório final, que desapareceu em 2000 e foi descoberto no arquivo, três anos depois, durante as buscas determinadas por Mário Lisboa. "As acções e omissões do então inspector-geral (...) indiciam violação dos deveres de isenção, zelo, obediência e lealdade (...) e são ainda susceptíveis de constituir ilícito criminal", argumentou Seixas Antão.
Partilhando deste entendimento, a juíza Isabel Lilaia transmitiu à PGR todos os elementos de que dispunha e solicitou a investigação dos factos. Os autos deram entrada na Procuradoria-Geral de Lisboa a 15 de Abril de 2004 e a 28 do mesmo mês a procuradora-geral adjunta Maria Paula Figueiredo, a quem o caso foi entregue, declarou "encerrado o inquérito sem que se mostre necessária a realização de quaisquer diligências".
No despacho de arquivamento então proferido, a magistrada escreveu que Seixas Antão "teceu as considerações que entendeu pertinentes possivelmente para a causa em que está envolvido e terminou opinando [sublinhado pela procuradora] que determinadas acções ou omissões do então inspector-geral da segurança social e juiz de direito dr. José Manuel Simões de Almeida teriam relevância criminal". E, logo a seguir, concluiu: "Apreciada a documentação junta não vislumbramos nenhum facto que seja susceptível sequer de propiciar qualquer investigação sobre actuações funcionais do magistrado denunciado no exercício daquelas sobreditas funções que possam ter relevância criminal pelo que, sem mais considerações, se determina o arquivamento dos autos."
Os registos informáticos da inspecção-geral, não constantes dos documentos enviados à PGR pelo 5º Juízo Criminal, mas entretanto consultados pelo PÚBLICO, mostram que o relatório que propunha a extinção da fundação e foi ignorado por Simões de Almeida - que nunca quis prestar declarações sobre o assunto - lhe foi entregue em mão, no dia 27 de Junho de 2000, pela inspectora responsável pela redacção final. A partir daí, o documento esteve desaparecido até ser descoberto no arquivo, em 24 de Julho de 2003.
in Jornal "O Público", 31/Dezembro/2006

9 comentários:

Anónimo disse...

Mais uma vez, este grande jornal publicou, uma autentica bomba, mas.
Pelos vistos,os telejornais não comentaram,tal é a balburdia da nossa sociedade corrupta, meus caros amigos chegou a hora, de não sermos mais embalados em cantigas de adormecer BÉBÉS.Temos de ir para a rua o mais urgente possível, aproveitando a embalagem desta notícía e da nossa razão, basta de de gozarem com a nossa cara, os moradores estão fartos de tanta mentira , de todos estes bandidos, eles estão a ganhar tempo com o nosso silencio.
vamos novamente encher este bairro de cartazes, e chamar os bois pelos nomes , não tenham medo de nada, porque a nossa força é maior que a deles. vamos para a assembleia da republica, com cartazes bem grandes contra a corrupção, e denunciar com nomes tudo aquilo que sabemos.

Anónimo disse...

É verdade isto está muito parado
temos de nos mexer, enquanto é tempo, denunciando MAIS E MAIS..

Anónimo disse...

A Procuradora Geral Adjunta Maria Paula Figueiredo merece um processo disciplinar no Conselho Superior da Magistratura.

Anónimo disse...

Meus amigos isto é mais um caso tipo "Casa Pia" e "Apito Dourado"! Falta uma Felícia a fazer um reportagem na TV sobre os nazis da D.Pedro IV, como fez sobre a Casa Pia! Na altura também ninguém acreditava... mas o Carlos Cruz já lá bateu com os costados... e o Pedroso safou-se! Canto Moniz prepara-te... a tua hora está a chegar! Este Simões de Almeida fez panelinha com o Paulo Pedroso e com o irmão dele!

Anónimo disse...

Então meus amigos, urge contactar jornalistas que não tenham medo de denunciar estes casos tão graves de pedófolia, de corrupção e de banditismo, porque ainda há jornalistas que nãi tem medo d denunciar a verdade, em prol de uma sociedade melhor, já que o 25 de Abril ficou um pouco adormecido na gaveta de um passado recente. Recente para aqueles que vivem na pele os atropelos de todas as leis de um estado democrático, que de democracia só tem o nome e pactua com os poderes mais fascistas deste país, que é o caso da FUNDAÇÃO D. PEDRO IV e dos seus corpos gerentes, CANTO MONIZ, BLANCO DE MORAIS E ESSE ALEMÃO PEDÓFILO. Acordem moradores de Chelas, vamos todos para a rua dizer BASTA! e à comissão de moradores que tem estado a ser muito benevolente perante tudo isto, bem hajam meus amigos e força para a luta que aí vem.

Anónimo disse...

A situação nas casas de infância é de terrorismo!E de despedimentos.

Anónimo disse...

AFINAL PARA QUE SERVEM OA JORNALISTAS.ALGUNS ARTIGOS FORAM IMPRESSOS, DE FACTO COM BASTANTE INTERESSE. nO ENTANTO E APÓS TANTA DENÚNCIA NADA MAIS FOI FEITO. SERÁ QUE TAMBÉM TÊM MEDO. o MEDO HAVIDO NA dITADURA NUNCA DEIXOU OS INTELECTUAIS INDEFERENTES.AGORA QUE DIZ ESTARMOS NUNA DEMOCRACIA, OS MEDIA DEITAM O FOGUETE, MAS NÃO VÃO APANHAR AS CANAS, E CONCLUI-SE QUE NÃO SÓ FOI VICIADA A ORGANIZAÇÃO DA REFERIDA fUNDAÇÃO, COMO NOMES SONANTES DA POLÍTICA E GOVERNO ESTIVERAM E ESTÃO COM A MESMA. sRS. JORNALISTAS ( JORNAIS E TV.) LEMBREM-SE QUE TÊM COMO LEMA OBTER E DIVULGAR AS VERDADES, POR MAIS CRUAS QUE SEJAM. ESTUDEM O CASO DA MANSÃO DE MARVILA, DOS INFANTÉRIOS E OUTROS QUE DEVEM ESTAR BEM ESCONDIDOS. a CORRUPÇÃO LEVOU nIXOM A DEMITIR-SE. E QUEM FOI QUE O DELACTOU? - OS JORNALISTAS; o PROCESSO CASA PIA FOI DESMASCARADO POR JORNALISTAS.
QUEREMOS NOT~ICIAS E O FIM DA CORRUPÇÃO. VÃO AOS INFANTÁRIOS DA FUNDAÇAÕ, VÃO ATÉ MARVILA.OLHEM QUE ÁGUA EM PEDRA DURA, TANTO DÁ ATÉ QUE FURA

Anónimo disse...

CASAS,CRIANÇAS,IDOSOS,DEFICIENTES...SÓ FALTA DE FACTO O CANTO MONIZ, O SIMÕES DE ALMEIDA O PAULO PEDROSO E OUTROS IREM FAZER UMA BELA VIAGEM SÓ COM BILHETE DE IDA.PARA CORRUPÇÃO JÁ BASTA A INFLACÇÃO.

Anónimo disse...

ENTÃO SRS. JORNALISTAS DOS JORNAIS DIÁRIOS E SEMANAIS?jÁ FECHARAM OS OLHOS AO PROBLEMA DA fUNDAÇÃO GERIDA POR CANTO MONIZ E SEUS LACAIOS? ESTÃO MUITO CALADOS PARA MEU GOSTO. DÊM O AR DA VOSSA GRAÇA PARA SABERMOS QUE AINDA ESTÃO CONNOSCO