sexta-feira, julho 07, 2006

Habitação a custos reduzidos para Almada “não passa de negócio”

Os moradores do IGAPHE (Instituto de Gestão e Alienação do Património Habitacional do Estado) do Bairro das Amendoeiras, em Chelas, Lisboa, afirmam que os dois programas habitacionais que a Fundação D. Pedro IV, Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), está a desenvolver para a Almada representam “apenas mais um negócio da fundação” que “não é uma verdadeira IPSS” e cujo único interesse é “gerir cooperativas de habitação”, acusa Carlos Palminha, membro da comissão de moradores.

O morador do Bairro das Amendoeiras sublinha as “ilicitudes de gestão, corrupção e interesses imobiliários que caracterizam a Fundação D. Pedro IV”, lembrando que, no caso do Bairro das Amendoeiras, formado por quase 1000 fogos, o concurso público que determinou a sua doação à fundação “não salvaguarda o interesse público”, questionando-se como é que uma fundação que “não tinha experiência de gestão do património, só possuindo à altura do concurso público a Mansão de Marvila, o conseguiu vencer”. Já para não falar das “ilegalidades na aplicação/actualização das rendas”, que os moradores consideram “incomportáveis para a maioria dos agregados familiares”. Situação que Carlos Palminha prevê para Almada.

O Bairro das Amendoeiras, antiga Zona I de Chelas, foi construído pelo Fundo de Fomento da Habitação (FFH), em 1974. Passados 30 anos, o IGAPHE, herdeiro do FFH, aquando do seu processo de fusão/extinção com o INH (Instituto Nacional de Habitação), transferiu este património para a autarquia de Lisboa, que recusou a sua recepção. Após concurso público, as casas foram então doadas à Fundação D. Pedro IV, presidida por Vasco Canto Moniz, um ex-funcionário do IGAPHE, num processo que tem vindo a ser amplamente contestado pelos moradores do Bairro das Amendoeiras e também dos Lóios, que aguardam agora por “alterações no contrato que salvaguardem os direitos dos moradores” e que “já estão em elaboração”, conta Carlos Palminha.

No entanto, Helena Mendes, directora do departamento de gestão da Fundação D. Pedro IV garante que a fundação “cumpre os seus objectivos enquanto IPSS”, desvalorizando as críticas dos moradores. Também José Teixeira Monteiro, presidente do IGAPHE e do INH, frisa que, “no caso de Almada, todos os procedimentos e cláusulas para evitar as ocorrências de Lisboa foram tratados”, pretendendo-se “garantir o interesse público e salvaguardar o interesse dos moradores”, havendo a “preocupação do INH e da fundação, em requalificar aquela zona”, que aliás faz parte de um “plano estratégico, em desenvolvimento com a Câmara de Almada, que abrange 300 hectares e que se prevê pronto no final do ano”, acrescenta.

Os dois programas habitacionais da fundação previstos para Almada, com um investimento superior a 20 milhões de euros, situam-se na zona da Quinta de Santo António da Bela Vista e da Quinta do Cesteiro, no Pragal. O primeiro prevê a construção de cerca de 142 fogos, 88 para venda a custos controlados e 54 para arrendamento jovem e o segundo é composto por 60 a 80 fogos para venda a custos controlados e possível realojamento.

Para o avançar dos projectos falta no entanto resolver algumas questões. No caso da Quinta do Cesteiro a Câmara de Almada “tem de fazer o reloteamento” da parcela de modo a se poder “realizar o registo predial”, conta Helena Mendes. No que toca à Quinta de Santo António da Bela Vista, já com contrato de concessão-construção, um dos concorrentes do concurso apresentou “uma providência cautelar”, aguardando-se agora a “decisão do tribunal”, conclui a directora do departamento de gestão. O “Setúbal na Rede” tentou por diversas vezes obter declarações da Câmara de Almada, mas até ao momento tal não foi possível.

A Fundação D. Pedro IV existe desde 1834 actuando em três grandes áreas: a da infância, detendo sete estabelecimentos em Lisboa, com cerca de 850 crianças, a de habitação social, onde possui cerca de 1500 fogos na área da Grande Lisboa para arrendamento social e não habitacional, e ainda de lares de terceira idade, de onde se destaca a Mansão de Santa Maria de Marvila.

5 comentários:

Anónimo disse...

De facto, a Fundação D. Pedro IV quase que se diria que não precisa de contratar um advogado.

O presidente do INH José Teixeira Pinto faz bem esse papel. É claro que não deve ser à "borla".

Pelos vistos, o concurso da Câmara Municipal de Almada já deve ter as suas irregularidades e foi preciso mais uma providência cautelar para parar as jogadas sujas da fundação.

Onde está a Fundação D. Pedro IV, existem ilgalidades, era bom é que a Câmara não lhes atribuísse terreno nenhum.

Infelizes os moradores que vão viver para prédios construídos pela fundação.

Vai enganá-los, dizem que é para habitação social e depois aplicam com valores milionários.

É muito vergonhoso. O terceiro mundismo está aí neste país que não sai do atraso.

Anónimo disse...

Então o presidente do INH já admite que em Chelas não foi salvaguardado o interesse dos moradores.

Com este discurso está-se mesmo a ver o favorecimento à fundação, o que ele não diz é como é que foi definido todo este processo da construção dos fogos de Almada.

Anónimo disse...

Desculpem, eu não queria dizer interesse dos moradores, queria dizer direitos dos moradores.

Sim, porque direitos temos, e muitos.

Anónimo disse...

Boas companheiros de luta leiam a pagina 51 do jornal o Publico .
Então é assim : foi proposto por Santana Lopes há dois anos e meio um programa de habitação para jovens até aos 35 anos de idade . Tratava-se de por os jovens a habitar casas devolutas que os mesmos teriam de recuperar durante 30 anos ficando nesse tempo sem pagar renda .
Há aqui uma grande controvérsia , pois não teve a mesma atitude para com os moradores de Chelas !! em vês de entregar as casas a quem deu trinta e dois anos de prestações de rendas , que gastou todas as suas economias e sacrificou as suas férias durante anos para manter as suas casas em bom estado .
A quem é que foi dar as nossas casas? a uma fundação de falsa solidariedade social , pois então , e não digo mais nada .

Anónimo disse...

MAS quem e santana lopes
alem de ser um vaidoso e um parvalhão, qualquer, que não tem
credibilidade, nen no partido dele
ESTE É SÓ UM OU MAIS UM CORRUPTO
VAIDOSO.....