sexta-feira, maio 12, 2006

Uns vão bem e outros mal

Senhoras e meus senhores,
façam roda por favor, cada um com o seu par
Aqui não há desamores, se é tudo trabalhador o baile vai começar
Senhoras e meus senhores,
batam certos os pézinhos, como bate este tambor
Não queremos cá opressores, se estivermos bem juntinhos,
Vai-se embora o mandador, Vai-se embora o mandador

(...)

De velhas casas vazias, palácios abandonados, os pobres fizeram lares
Mas agora todos os dias, os polícias bem armados desocupam os andares
Para que servem essas casas, a não ser para o senhorio viver da especulação
Quem governa faz tábua rasa, mas lamenta com fastio a crise da habitação
E assim se faz Portugal, uns vão bem e outros mal

Fausto, Madrugada dos Trapeiros, 1978

1 comentário:

Anónimo disse...

Que belo texto! 1978 - Quanta actualidade!
Fez-me lembrar o poema de Fernando Pessoa, o mais belo de todos.

A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou..

Que grande visão a de Fernando Pessoa!
Quem quer matar os nossos sonhos de criança?
Obrigado, porque nos obrigarem a remexer no que estava adormecido, na criança cheia de ilusões num futuro melhor, mais justo, mais fraterno, mais puro.
Esta criança sou eu e todos aqueles que neste momento se veem confrontados com uma realidade arrepiante. Estamos rodeados de crapulas, de hipocritas, de malfeitores, de oportunistas ... e quantos mais adjectivos poderia aqui colocar.
Tudo isto parece tirado de um filme.
A diferença entre a vida e o filme é que o guião tem que fazer sentido e a vida não.
A nossa vida terá o sentido que lhe quisermos dar.
Por isso o sentido é só um.
A luta!
A união faz a força, não tenhamos duvidas, Venceremosssssssssssssssssss.
Aí poderemos afirmar, valeu a pena recuperar os nossos sonhos de criança e dizer:
A criança que eu fui já não chora na estrada, mas sorri feliz, porque cresceu e lutou por um mundo melhor.
Bem hajam amigos, pela vossa coragem. Vocês são o nosso alento, as estrelas que iluminam os nossos corações.