quinta-feira, junho 07, 2007

Moradores acusam cooperativa de burla

Queixosos alegam ter sido forçados a pagar dinheiro por debaixo da mesa para fazer a escritura. O total ultrapassa os 100 mil euros

Esperou 14 anos pela casa. Quatro assoalhadas na zona oriental de Lisboa, com vista para o Tejo. Muita luz, bons acabamentos - valia bem os 153 mil euros que ia custar. Mas uma semana antes da escritura ‘Marta’, que não quer dar a cara por receio de represálias, recebeu a pior notícia: “Fui informada pelo director da cooperativa de que teria de pagar mais €32 mil para poder fazer a escritura. O dinheiro referia-se a despesas e encargos vários da cooperativa e não ficaria registado na escritura. Não aceitei”.

Não cedeu e só entrou na casa nova para a mostrar a três imobiliárias. “Fizeram-me crer que o melhor era arranjar comprador e desistir”, conforma-se. Estão sete escrituras por fazer. Os outros cooperantes cederam, pagaram o dinheiro exigido e já estão a morar nas casas novas.

“É uma decisão legal, aprovada por maioria na Assembleia Geral e conforme aos estatutos da cooperativa e à legislação em vigor”, defende-se Carlos Lopes, presidente da Imojovem - uma cooperativa ligada à Unilis, presidida por sua vez por Vasco Canto Moniz, presidente da Fundação Dom Pedro IV.

Quatro dos cooperantes pagaram mas decidiram avançar com uma queixa-crime por burla e fuga ao fisco contra Carlos Lopes e Eduardo Morais, representante legal da Imojovem. Vasco Canto Moniz foi arrolado como testemunha. O processo está na 3ª secção do DIAP e os queixosos já foram interrogados na secção de inquéritos da PSP.

Ricardo Garrucho tem os documentos todos do processo organizados em dossiês e pastas de plástico. Há uma folha que exibe com especial orgulho. “Na altura da escritura pediram-me mais €28 mil. Perguntei para o que era e acabaram por me mandar isto: uma folha dactilografada incompreensível onde são referidos encargos gerais do programa. E nem sequer está assinada. Não tem qualquer valor legal”. Pelas contas que fez, o bancário acabou por pagar €20 mil a mais “que não ficaram escriturados”. “É falso”, contrapõe Carlos Lopes. “O dinheiro está escriturado na nossa contabilidade”.

Ana e Paulo Santos inscreveram-se no projecto há 14 anos. “Éramos uns miúdos. Mudaram-se em Março, com uma razão muito forte: um filho de um ano e meio. Vivíamos em casa dos meus pais com o bebé, era impossível”. Também tiveram de ceder e pagaram mais €22 mil do que estavam à espera. “Só aceitámos porque precisamos mesmo da casa”.

António Viegas terá levado o rombo maior: €35 mil. Teve três reuniões com o presidente Carlos Lopes, mas não adiantou nada. “Também reportei o caso às Finanças porque é óbvio que há aqui fuga ao fisco”. Há ainda mais uma queixa de Inês Vieira, que reclama €31 mil.

“Tomámos conhecimento do caso através dos cooperadores”, relata João Teixeira, do Instituto António Sérgio, regulador da actividade das cooperativas. “As cooperativas não existem para dar lucro, mas é óbvio que pode haver alterações no preço. Tem é que estar tudo justificado e escriturado. Foi o que pedimos para fazer”, assegura.

TRÊS PERGUNTAS A Vasco Canto Moniz, Presidente da Unilis
P Qual é a relação da Unilis com a Fundação Dom Pedro IV. Porque é que têm as duas o mesmo presidente e funcionam no mesmo local?
R A Unilis é uma união de cinco cooperativas e tinha de funcionar nalgum lado. A Unilis nada tem a ver com as actividades da Imojovem e não tem qualquer legitimidade para sugerir alterações de procedimento.

P Mas as escrituras são pagas à Unilis. Tinha conhecimento das queixas dos cooperadores?
R Nós vendemos as casas às pessoas e não sabemos as contas que têm com as cooperativas. Foi o que dissemos às pessoas que nos procuraram. Se os cooperantes têm razão de queixa devem fazê-la ao tribunal. Não é agradável para nós, mas temos de aceitar.

P Mais uma vez o senhor surge no meio de um conflito com moradores...
R É muito injusto e até má-fé implicar a Unilis nesta situação onde, reconheço, terá havido alguma falta de organização. Era preferível cobrar um valor todos os anos. Quanto à fundação, não há qualquer tipo de relação.

3 comentários:

Anónimo disse...

Estranho pois este dinheiro sacado de forma ilicita aos cooperantes não está mencionado no Relatório e Contas de 2006 da Fundação.
É claro como a água que existe aqui uma fuga ao fisco, dinheiro que entra por baixo da mesa e que serve para manter as mordomias das pessoas ligadas à Fundação D. Pedro IV e cooperativas presidas por Vasco Manuel do Canto Moniz, o psicopata sempre em acção e um dos mentores desta replenta teia de mafiosos.
1-Ora no que confere ao 2.1.2 titulo Habitação do "Relatório e Contas" da Fundação D. Pedro IV;
"contudo, embora ainda aguardemos do Governo sobre a nossa proposta de aditamento, apresentada em 20 de Setembro de 2006, é de destacar que para além dos procedimentos adoptados pela Fundação para a aplicação da renda apoiada .......
Temos que esclarecer publicamente que o Conselho de Administração da Fundação D. Pedro IV, já recebeu a resposta do Governo em, 08-03-2007 e mais como também recebeu as deliberações do Conselho Directivo do IGAPHE,em relação à Deliberação nº 1/2007 a mesma já foi respondida pela Fundação em Abril de 2007, quanto à Deliberação nº2 de 3 de Maio de 2007, está vigor desde esta data a qual modifou unilateralmente o Auto de Cessão de Bens celebrado em 01/02/2005, entre o IGAPHE e a Fundação D. Pedro IV.
Deste modo e no presente momento já está em vigor o novo Auto de Cessão.
Só se de facto existem gavetas sem fundo na sede da Fundação e estes documentos sumiram-se da mesma forma que se sumiram as conclusões do Relatório nº 75/96, quiça!..
2- No mesmo "relatório e Contas" e 6º parágrafo, é citado o seginte;
"no ano de 2006 foi consolidado que a Fundação dá execução ao cumprimento da lei adequada e promove a defesa do interesse público, conforme as posições oficiais assumidas pela Procuradoria Geral da República ..."
Em resposta ao ponto 2 mencionado no Relatório e Contas da Fundação, cito o terceiro paráfrafo da Deliberação nº2/2007 do Conselho Directivo do IGAPHE, "Tendo examinado o conteúdo do parecer da Procuradoria Geral da República de 11 de Maio de 2006, conclui ser necessário modificar os termos do Auto, de forma a explicar as referidas obrigações e assegurar uma mais adequada prossecução do interesse público, no respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos moradores do património transferido;"
Então quem elaborou o tal relatório e contas da Fundação, fala do mesmo parecer da PGR? Ou reporta-se a um qualquer parecer emitido pelo país roubolândia?
3- Falando ainda sobre o relatório e Contas da Fundação no ponto;
"2.1.2.2. Gestão do Património
Obras de manutenção/reparação
Para além de garantir o acesso à habitação,é necessário conservar e promover a manutenção do estado do fogo a fim de preservar a segurança e a qualidade de vida indespensável." E mais o blá, blá e blá, do dinheiro gasto nas obras de intervenção ,contratos de manutenção e etc...
Alguns valores mencionados no relatório e contas,65.354,04€, (15.471,74€)(23.754,55€)e ainda há mais.
É de facto vergonhoso aquele relatório e contas, deve ter sido por a fundação ter preservado a segurança e qualidade de vida, que o Miguel ainda está internado e que esteve em perigo de vida, foi pela tal segurança.
Quanto à qualidade de vida defendida pela Fundação D. Pedro IV, quem vive nos dois bairros tem que rir às gargalhadas ou então chorar perdidamente, porque trata-se de uma anedota de muito mau gosto e sádica contada pelos dirigentes da Fundação d. Pedro IV e que alguns velhos do Restelo ainda acreditam.
Penso que os moradores estão fartos de tantas promessas, é necessário vontade e determinação politica para por fim a esta instuição que se intitula IPSS
Já chega de tanto tapar o Sol com a Peneira.
É urgente que se faça a:
Destituição dos corpos gerentes do Conselho de Administração da Fundação D.Pedro Iv
Extinção da Fundação.
Punição à corrupção.
Viva a Cidadania.

Anónimo disse...

Esta gente ligada à Fundação são uma cambada de criminosos... O vosso lugar é na prisão, cambada de pulhas!

CRIMINOSOS! A extinção da Fundação é pouco comparado com o que esta gente faz, com o aval e conivência de alguns políticos!

Cambada de porcos que se julgam acima da lei! Hajam pessoas com coragem de vos fazer frente e de vos denunciar, seus cabrões!

EXTINÇÃO DA FUNDAÇÂO, JÁ!!
CANTO MONIZ E AMIGOS, JULGADOS E PUNIDOS!!

Paulo disse...

Mas que Pátria é esta?